Imagine se deparar, em sua timeline do Instagram, com uma foto que te chama a atenção. Pode ter sido uma roupa diferente, o jeito como a foto foi editada, o modo como o cenário foi montado ou uma colagem com ilustrações divertidas. Você sente que conhece um pouco da pessoa só pelos elementos estéticos da imagem. Pode até ter se identificado com a pessoa por isso. Talvez você tenha passado pelo perfil de alguém com uma aesthetic própria. 

As aesthetics são estéticas e estilos de vida que estouraram nos últimos dois anos, principalmente em redes sociais como TikTok e Instagram. Muitas têm filosofias de vida que ultrapassam o ambiente virtual, outras são símbolos de expressão estética nativa das redes. Grande parte dos seus adeptos são usuários assíduos das redes que nasceram depois dos anos 2000, a chamada Geração Z, embora isso não seja um requisito.

Assim como hippies, indies, punks e emos fazem parte do imaginário popular sobre gerações passadas, cottagecore, VSCO girls, dark academia, e-girl e e-boy compõem as mais de 600 novas subculturas atuais, de acordo com o Fandom Aesthetics. É difícil precisar o número, visto que novas aesthetics são incorporadas diariamente ao glossário. 


Mas o que são subculturas...

Subculturas são movimentos formados por grupos de pessoas que têm gostos, valores e modos de vida parecidos. Esses gostos podem se encontrar de várias maneiras. Olhar para o movimento punk é uma boa maneira de pensar as novas aesthetics.

O ano era 1974 e os filhos do ‘baby boom’ - período após a Segunda Guerra Mundial no qual houve um alto número de nascimentos - tinham se tornado jovens adultos. Frequentadores da CBGB, uma casa de shows novaiorquina, formaram bandas que não concordavam com o rock feito na época, argumentando que era pomposo demais. Essas bandas se relacionavam com a cena underground da época, formada por usuários de drogas, poetas de rua e outros. 

No Brasil, o movimento punk teve seu ápice em plena ditadura. O estilo musical foi um dos elementos que essas pessoas tinham em comum, além de valores como a crítica ao consumo de massa. Mais tarde, se transformou em um gênero literário.

Parede da casa de show CBGB em 2005. Crédito: thenails

Parede da casa de show CBGB em 2005. Crédito: thenails

Mas o que são subculturas...

Subculturas são movimentos formados por grupos de pessoas que têm gostos, valores e modos de vida parecidos. Esses gostos podem se encontrar de várias maneiras. Olhar para o movimento punk é uma boa maneira de pensar as novas aesthetics.

O ano era 1974 e os filhos do ‘baby boom’ - período após a Segunda Guerra Mundial no qual houve um alto número de nascimentos - tinham se tornado jovens adultos. Frequentadores da CBGB, uma casa de shows novaiorquina, formaram bandas que não concordavam com o rock feito na época, argumentando que era pomposo demais. Essas bandas se relacionavam com a cena underground da época, formada por usuários de drogas, poetas de rua e outros. 

Parede da casa de shows CBGB em 2005. Foto: thenails

Parede da casa de shows CBGB em 2005. Foto: thenails

No Brasil, o movimento punk teve seu ápice em plena ditadura. O estilo musical foi um dos elementos que essas pessoas tinham em comum, além de valores como a crítica ao consumo de massa. Mais tarde, se transformou em um gênero literário.

... E o que as aesthetics têm de diferente?

Uma grande diferença das subculturas que já conhecemos das novas aesthetics são as atualizações dos valores que estão em disputa nos dias atuais, como heteronormatividade, sociedade de consumo e a urbanização da vida. De acordo com a pesquisadora e historiadora da moda Ana Caporice, essas novas estéticas já estavam no país há mais ou menos três anos, mas foi com a pandemia que elas se popularizaram. Uma das possíveis explicações para o fenômeno está na socialização virtual forçada dos jovens nesse período histórico de isolamento social:

“Com a pandemia, ficamos todos reclusos. Nossas atividades, que são sociais, simplesmente deixaram de existir. Uma das reações à reclusão em massa foi o boom das aesthetics. Quase não se consegue interagir com o outro, e como temos as mídias digitais muito desenvolvidas, elas foram o canal por onde isso aconteceu. A pandemia exacerbou esse comportamento, principalmente em jovens que queriam ter contato com outras pessoas, não podiam fazer isso fisicamente e encontraram as mídias sociais como uma forma de se reunir. As aesthetics foram um suporte para isso”

Viver 2020 nas grandes cidades, em apartamentos de poucos metros quadrados, fez com que muitos jovens adultos e adolescentes idealizassem a tranquilidade da natureza e atividades ao ar livre. Assim, a reclusão imposta pela pandemia foi decisiva para a popularização de uma das aesthetics, o cottagecore.

Os adeptos dessa nova subcultura tendem a consumir produtos que não fazem testes em animais e a realizar atividades ao ar livre, como piqueniques e passeios no parque. Prezam pelo bom relacionamento com a natureza e se esforçam em passar menos tempo em tecnologias eletrônicas, como redes sociais e celulares. Veganismo e vegetarianismo são modos de vida que refletem suas preocupações.

Ana Rodrigues, acervo pessoal.

Ana Rodrigues, acervo pessoal.

Para Ana Rodrigues, foi amor (e identificação) à primeira vista. Antes de começar a ler sobre a história da Ana, que tal colocar a playlist que ela fez, inspirada no cottagecore, para entrar no clima dessa subcultura?

Mesmo antes de conhecer ou de se aproximar da aesthetic, Ana sempre foi adepta de um estilo de vida mais simples, calmo e próximo da natureza. Esse desejo fez com que se mudasse da cidade de São Paulo para Florianópolis em 2019, onde fundou o brechó online Safeno, sua única fonte de renda. Nele, Ana vende roupas veganas e apresenta aos seus clientes uma proposta de upcycling, que é o reaproveitamento de roupas e outros objetos como uma maneira de respeitar o meio ambiente, reduzindo o consumo. 

“Quando eu conheci [o cottagecore] e comecei a pesquisar mais, nossa! Eu me identifiquei total! Tanto como estética, como estilo de vida, do contato com a natureza. Eu sou vegana. Tem muito a ver comigo e com os produtos [que vendo]”.

De acordo com a dona do brechó, seus clientes também têm um perfil de preocupação ambiental. Geralmente preferem peças que durem mais tempo e buscam por roupas que realmente vão usar. Ana personaliza o estilo dos produtos que vende e estimula o consumo consciente ao transformar suas peças através de corte, costura, bordado e aplicação manual de renda. “Eu acredito que o estilo acaba influenciando de forma muito positiva esse consumo mais saudável”, diz.

Aderir à aesthetic cottagecore contribuiu para impulsionar seu negócio em 2020. Desde que começou a utilizar a estética no posicionamento online do brechó, tem percebido um aumento de vendas e no alcance das suas publicações. “Só pelo fato de eu colocar [cottagecore] em uma [postagem de uma] peça, ‘blusinha cottagecore’. Ou colocar uma hashtag, parece que sai muito mais rápido do que se eu colocasse só ‘blusa azul por x reais’”, diz.

Henri Alves, graduando de moda na Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), trabalha com pesquisa e tendências no Dia Estúdio - empresa que promove conexões entre criadores de conteúdo e marcas - e compartilha da percepção de Ana.

Segundo ele, a possibilidade de lucrar com as novas aesthetics começa a atrair a atenção de marcas, especialmente as dos nichos de moda e decoração. “Quando as coisas começam a fazer sucesso na internet, as marcas começam a ficar de olho, a se apropriarem desses discursos. Se as pessoas gostam, as pessoas compram.”

Com as pessoas cada vez mais conscientes sobre o impacto ambiental produzido pelo que consomem, no que depender de Ana, a febre e o interesse pelo cottagecore vão sobreviver ao boom na pandemia.

“[O cottagecore] acaba trazendo um pouco desse sonho pra gente, dessa fantasia de vida idealizada, meio romantizada e descomplicada. Acredito que ainda vai durar um bom tempo. Espero!”

Quando surgiu a oportunidade de viver a sonhada “vida no campo”, Ana aproveitou. Mudou-se temporariamente para a casa da mãe, que mora na área rural de Itaí, em Pernambuco. “Vou ficar com as flores por um tempo”, relata, sorrindo, justificando a ausência de internet a que seria imposta. O sítio tem animais, árvores frutíferas e gramados floridos, um cenário ideal para fotos das novas peças que adquiriu para o brechó. Os ensaios fotográficos, é claro, terão a estética cottagecore como guia.

Ana Rodrigues, acervo pessoal.

Ana Rodrigues, acervo pessoal.

Apesar do boom do cottagecore ter sido um dos mais sentidos na moda em 2020, o estilo não foi o único que encontrou novos adeptos entre jovens brasileiros. Dentre as mais de 600 estéticas catalogadas, algumas são frontalmente opostas.

A contradição entre estilos é apontada por Henri Alves como uma tendência para a vida “pós-pandêmica”. Enquanto algumas pessoas perceberam que “o conforto que se tem em casa, a gente pode levar para a rua”, pontua, outras seguem um caminho oposto. “Ficamos muito tempo sem nos vestirmos pra ir pra festa. Talvez a gente tenha uma nova onda de gente querendo se vestir com tudo o que não pode durante esse ano”, reflete. 

Enquanto o cottagecore prega uma vida simples, evocando cores neutras e naturais, outro “core”(do francês coeur, ou coração) traz uma história completamente diferente.

Foto: Arquivo pessoal.

Foto: Arquivo pessoal.

Foto: Arquivo pessoal.

Foto: Arquivo pessoal.

Foi no coração das cores vibrantes, energia retrô e divertida do kidcore que Letícia da Cunha encontrou uma aesthetic com a qual poderia, parcialmente, refletir o que se passava em seu interior. 

Pra mudar o clima, que tal mudar também a playlist e colocar a seleção feita pela Letícia para representar a sua personalidade?

Foram processos constantes de autodescoberta que levaram Letícia a refletir sobre como se expressar para o mundo através de seu estilo. A estudante de administração pública na UDESC não se limita a imitar uma estética para se expressar: ela prefere construir algo seu, a partir de várias inspirações.

Por isso, embora se identifique com o kidcore, Letícia também inclui outras fontes de inspiração para compor sua identidade estética, especialmente da moda dos anos 1980 e 2000. “Eu sinto que construo minha estética de acordo com a minha personalidade mesmo”, pontua.

O isolamento causado pela pandemia contribuiu para os seus processos de reflexão e mudança. Aos 22 anos, Letícia vivencia a pandemia em sua casa, em Florianópolis, olhando para dentro de si e descobrindo quais eram seus verdadeiros gostos. Os meses em casa marcaram a primeira e uma das mais importantes transformações, a capilar.

“Nesse processo de olhar pra mim, para o que eu gosto, para o que eu me identifico, percebi que não fazia nenhum sentido eu não usar o meu cabelo natural. A transição capilar serviu para eu me aproximar mais de mim, da minha personalidade, da minha naturalidade.”

Depois, a mudança de estilo foi o passo natural a ser dado. “Afinal de contas, moda é basicamente isso: uma ferramenta de comunicação e expressão”. As mudanças no estilo não foram do dia para a noite, nem começaram apenas em 2020. Pouco antes do início da pandemia, Letícia se entendeu como mulher bissexual. A descoberta da sua sexualidade refletiu inconscientemente nas escolhas estéticas. “Escuto muito quando as pessoas falam do meu estilo, que passo uma bi energy [energia bi]. Eu fico bem feliz porque isso não é proposital. Acaba acompanhando a personalidade”, reflete, sorrindo.  

As roupas monocromáticas, blazers e terninhos deram espaço a peças coloridas, estampadas e novas combinações. A maquiagem, antes sempre natural, foi ocupada por novas cores, desenhos e estilos. A busca online por novas aesthetics sempre acompanha Letícia na hora de pesquisar novos estilos. Para ela, a internet se tornou mais do que um local de disseminação de informações, especialmente no que se refere à moda. “Hoje em dia [a internet] tem sido, cada vez mais, de construção. A gente tá construindo novas tendências dentro da internet!”, finaliza.

Apesar do boom do cottagecore ter sido um dos mais sentidos na moda em 2020, o estilo não foi o único que encontrou novos adeptos entre jovens brasileiros. Dentre as mais de 600 estéticas catalogadas, algumas são frontalmente opostas.

A contradição entre estilos é apontada por Henri Alves como uma tendência para a vida “pós-pandêmica”. Enquanto algumas pessoas perceberam que “o conforto que se tem em casa, a gente pode levar para a rua”, pontua, outras seguem um caminho oposto. “Ficamos muito tempo sem nos vestirmos pra ir pra festa. Talvez a gente tenha uma nova onda de gente querendo se vestir com tudo o que não pode durante esse ano”, reflete. 

Enquanto o cottagecore prega uma vida simples, evocando cores neutras e naturais, outro “core”(do francês coeur, ou coração) traz uma história completamente diferente.

Foi no coração das cores vibrantes, energia retrô e divertida do kidcore que Letícia da Cunha encontrou uma aesthetic com a qual poderia, parcialmente, refletir o que se passava em seu interior. 

Pra mudar o clima, que tal mudar também a playlist e colocar a seleção feita pela Letícia para representar a sua personalidade?

Foram processos constantes de autodescoberta que levaram Letícia a refletir sobre como se expressar para o mundo através de seu estilo. A estudante de administração pública na UDESC não se limita a imitar uma estética para se expressar: ela prefere construir algo seu, a partir de várias inspirações.

Letícia da Cunha. Acervo pessoal.

Letícia da Cunha. Acervo pessoal.

Por isso, embora se identifique com o kidcore, Letícia também inclui outras fontes de inspiração para compor sua identidade estética, especialmente da moda dos anos 1980 e 2000. “Eu sinto que construo minha estética de acordo com a minha personalidade mesmo”, pontua.

O isolamento causado pela pandemia contribuiu para os seus processos de reflexão e mudança. Aos 22 anos, Letícia vivencia a pandemia em sua casa, em Florianópolis, olhando para dentro de si e descobrindo quais eram seus verdadeiros gostos. Os meses em casa marcaram a primeira e uma das mais importantes transformações, a capilar.

“Nesse processo de olhar pra mim, para o que eu gosto, para o que eu me identifico, percebi que não fazia nenhum sentido eu não usar o meu cabelo natural. A transição capilar serviu para eu me aproximar mais de mim, da minha personalidade, da minha naturalidade.”

Depois, a mudança de estilo foi o passo natural a ser dado. “Afinal de contas, moda é basicamente isso: uma ferramenta de comunicação e expressão”. As mudanças no estilo não foram do dia para a noite, nem começaram apenas em 2020. Pouco antes do início da pandemia, Letícia se entendeu como mulher bissexual. A descoberta da sua sexualidade refletiu inconscientemente nas escolhas estéticas. “Escuto muito quando as pessoas falam do meu estilo, que passo uma bi energy [energia bi]. Eu fico bem feliz porque isso não é proposital. Acaba acompanhando a personalidade”, reflete, sorrindo.  

Letícia da Cunha, acervo pessoal.

Letícia da Cunha, acervo pessoal.

As roupas monocromáticas, blazers e terninhos deram espaço a peças coloridas, estampadas e novas combinações. A maquiagem, antes sempre natural, foi ocupada por novas cores, desenhos e estilos. A busca online por novas aesthetics sempre acompanha Letícia na hora de pesquisar novos estilos. Para ela, a internet se tornou mais do que um local de disseminação de informações, especialmente no que se refere à moda. “Hoje em dia [a internet] tem sido, cada vez mais, de construção. A gente tá construindo novas tendências dentro da internet!”, finaliza.

A cerca de 200 quilômetros de Belo Horizonte, você encontrará Marliéria, no Vale do Rio Doce, uma clássica cidadezinha interiorana brasileira. Sem edifícios, sem engarrafamento nem shopping centers. É na zona rural marlierense, distante de qualquer aglomeração e do estereótipo da modernidade relacionada às metrópoles, que vive Gabriel Benony, um fenômeno do TikTok. 

Aos 17 anos, o mineiro que gosta de ficar sozinho já conseguiu cativar 21,7 mil seguidores no Instagram e 74,6 mil na rede social chinesa (15 vezes a população da sua cidade). “Eu entrei na época em que o TikTok era um aplicativo à parte, em 2016”, relembra Gabriel. “No início era um pouco zuado, porque é um aplicativo com um humor um tanto quanto peculiar, principalmente lá no início”, diz.

Naquela época, poucos brasileiros utilizavam a rede social, já febre entre coreanos, chineses e indianos. Isso desestimulou o criador de conteúdo, que deixou o TikTok de lado e só voltou à rede no início de 2020. Mas esse primeiro contato o fez entender como funcionava aquele que viria ser um dos apps mais baixados durante a pandemia.

O TikTok surgiu em 2016 com a proposta de trazer vídeos curtos em uma timeline produzida por um acurado algoritmo, que te dá exatamente o que você quer (muitas vezes sem que nem você saiba disso). Isso pode te manter preso na frente da tela por horas, e é bem o que o Tiktok quer.

Henri Alves nota uma identificação muito grande por parte dos jovens nascidos entre 1995 e os anos 2000 com o app. “A Geração Z se sente muito à vontade no TikTok. Acho que foi criado um templo da Geração Z ali”. Para ele, a forma como a rede social se relaciona com seus usuários nem se compara a dos seus concorrentes, mas a pandemia teve uma parcela de “culpa” no seu rápido crescimento no último ano. 

"O pessoal estava na internet descobrindo teletrabalho, home office e novos entretenimentos nesse tempo que estaríamos em casa. O TikTok foi se transformando. Vários nichos de internet conseguiram se abarcar nele: moda, lifestyle, humor, receitas...”, afirma Henri.

Mas o forte do app é realmente a Geração Z, e o Gabriel é a prova disso. Por lá, ele grava vídeos de humor, mas sem deixar a estética de lado. Assim que você abre o feed do criador de conteúdo, vê que o quarto dele, onde a maioria das publicações é produzida, decorado de forma a opor escuridão a luzes neon.

Foto: Arquivo pessoal.

Foto: Arquivo pessoal.

Foto: Arquivo pessoal.

Foto: Arquivo pessoal.

As cores fosforescentes também já tingiram os cabelos do adolescente e aparecem em detalhes das roupas. Estas costumam ser pretas, listradas ou vermelhas, com estampas grandes e desenhadas. Ah, e não se esqueça da foto do Cheetos sabor requeijão, ao lado do energético Monster sabor “mango loco”, que têm embalagens da mesma cor azul capri neon. Tudo isso representa uma aesthetic que cresce absurdamente nos últimos anos: e-boys e e-girls. 

As garotas e os garotos da internet se assemelham em muitos aspectos aos emos dos anos 2000, mas readaptados ao mundo da década de 2020, já influenciam gigantes da moda, como a francesa Celine. Eles amam jogar videogames, não têm medo de se expressarem nas redes sociais, curtem animes e o chamado emotrap, estilo musical que mescla a escuridão dos emos ao trap, subgênero do hip hop. 

E, claro, com a playlist cheia de emotrap pra você acompanhar.

Foi este estilo que atraiu Gabriel ao mundo dos e-boys, no início de 2020. Fã do trapper Lil Vith, um dos principais expoentes do emotrap no Brasil, Gabriel se encantou pela estética emo-meio-transgressor das músicas e dos videoclipes do criador do hit “Maison Margiela”.

Clipe oficial de Lil Vith - Maison Margiela, lançado em julho de 2019.

Clipe oficial de Lil Vith - Maison Margiela, lançado em julho de 2019.

Em pouco tempo, já procurava roupas que combinassem com aquela vibe, e seu quarto foi sendo reformado para combinar com o novo estilo. O mineiro havia se transformado em um perfeito e-boy.

Sob essa estética, o crescimento de Gabriel na internet foi rápido. O adolescente começou a dublar áudios engraçados que fizeram muito sucesso. Mais tarde, até seu pai começou a fazer parte desse universo. A trilogia de vídeos que produziu, “Tentando irritar o meu pai”, impulsionou muito seu perfil no app. Nesses vídeos, Gabriel ia ao mercado e colocava coisas absurdas ou caras no carrinho, enquanto filmava a reação do pai.

Gabriel, como um bom Geração Z, não quer saber de nada estático, nem quer se acomodar. Não demorou para que começasse a se sentir incomodado com o rótulo de e-boy.

“É um estilo de roupa e as pessoas começaram a pensar que eu fosse aquele estilo de roupa. Eu não quero ser um estilo, eu quero ser eu mesmo e que eu vista aquele estilo”.

Para isso, em pouco mais de um ano, Gabriel já está buscando roupas que destoem do que se espera de um e-boy. “Eu só quero, sinceramente, ser eu. Se der, eu quero tentar tirar um sorriso de alguém. Eu quero que as pessoas gostem do que eu estou fazendo.”