Gabriel Luiz:
o menino que perdeu uma mãe, mas ganhou duas
Gabriel Luiz:
o menino que perdeu uma mãe, mas ganhou duas
Em 2015, mais de 303 mil mulheres não sobreviveram para amamentar o seu filho, sentir o cheirinho de sua cabeça, vê-lo sorrir ou escutá-lo chorar, de acordo com estimativa da Organização Pan-Americana da Saúde. Parece ser um problema resolvido, mas cerca de 830 mulheres morrem todos os dias, em todo o mundo, com alguma complicação no parto, segundo o estudo.
A mãinha Nã, como Gabriel Luiz chama a sua mãe biológica, foi uma dessas mulheres. Devido a complicações no parto, os médicos alertaram que poderia ser uma escolha – sua vida, ou a do bebê. A prioridade foi pelo filho. Ela não escolheu o nome de Gabriel, nem a roupa que ele saiu da maternidade e não conseguiu dar o amor que guardava a ele. No entanto, suas irmãs, Maria Cláudia e Claudite, desempenharam esse papel.
Ao perder uma mãe, Gabriel ganhou outras duas. No Dia das Mães, era uma disputa: quem seria a homenageada da vez nas apresentações na escola? “Ano passado você já foi, agora é a minha vez”, era o argumento principal. Mas a mãinha Cláudia sempre reivindicou o título de mãe para si. Criou o sobrinho como seu filho.
“Digo a mãinha que ficou comigo porque não teve um filho dela. Sempre provoco ela perguntando: qual a diferença entre mim e um cachorro?”, brinca Gabriel.
Com esse tanto de amor, o próprio Gabriel confunde quem é sua mãe. Claudinã foi a que o gestou, filha mais velha de nove meninas. Maria Cláudia revezava Gabriel com Claudite, que o cuidava junto com os seus outros dois filhos – a quem Gabriel sempre chamou de irmãos. Foram eles os responsáveis por ensinar o que sabiam da vida, montar uma banda de rock e incentivar o lado artístico do menino, hoje com 19 anos, estudante de Cinema em Recife (PE). Tímido, Gabriel falou pouco e não abriu a câmera para a entrevista.
“Desculpa, minha vida é bem desinteressante”, disse, após pouco menos de uma hora contando sobre como sua história – a princípio, triste – foi marcada por uma onda de amor sem fim.